Nos sistemas elétricos, o fusível é a peça desenhada para absorver o impacto de uma descarga de alta voltagem sem danificar o resto da estrutura. Quando isso acontece, o fusível queima, fica inutilizável, tem que ser trocado. Na avaliação de diplomatas e políticos ouvidos pela BBC News Brasil, desde a quarta-feira (24/3) o chanceler Ernesto Araújo se converteu nessa peça para Jair Bolsonaro.
O Brasil vive uma crise de escassez de vacinas e insumos para fabricar imunizantes contra a covid-19 ao mesmo tempo em que bate recordes de novos casos da doença e acumula mais de 300 mil mortes na pandemia.
O agravamento da pandemia no Brasil tem levado a uma deterioração da popularidade de Bolsonaro nas pesquisas de opinião e, segundo fontes consultadas pela reportagem, isso pode respingar nas chances eleitorais de aliados do governo no Congresso, que integram o chamado Centrão.
As mudanças de olho nas urnas começaram com a saída do general Eduardo Pazuello do comando do Ministério da Saúde. Ele foi o fusível ligado à recusa de sucessivas ofertas de vacinas da Pfizer, ao boicote da CoronaVac, à falta de oxigênio em Manaus e defesa do tratamento precoce. Mas a troca de Pazuello não estancou a crise com aliados, já que o ministro foi substituído por um nome ligado à família Bolsonaro, Marcelo Queiroga, e não por um indicado do Congresso.
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