Era lançamento da biografia de Torquato Neto – que eu havia escrito para a editora Casa Amarela de São Paulo. Às 10:30 do dia do lançamento, já na redação da editora, na Vila Madalena, recebi uma ligação dos promotores do evento convidando para participar do salão como convidado especial. Nenhuma surpresa, afinal de contas, eu retratava nas páginas de Pra Mim, Chega, a vida e a obra de uma das figuras mais representativas da cultura do Piauí – para não dizer do Brasil, nos anos 60.
Em seguida, aconteceu uma entrevista ao vivo para uma rádio de Teresina. O apresentador, com aquela voz empostada de locutor dos anos 50, fez perguntas carregadas de clichês, sobre a importância do conterrâneo tropicalista para as letras nacionais. Lembro que respondi tudo com prazer e certo orgulho, pois sempre fui fã de carteirinha do Torquato. Nenhum mal estar foi registrado durante a entrevista, mas a verdade é que quinze minutos depois o telefone tocou novamente: era uma secretária (anônima) dizendo que o convite para o Salão do Livro estava cancelado. A partir daquele momento, passei a ser considerado uma persona não grata para o Piauí (é verdade que não posso incluir o Albert Piauí neste coletivo). E a sina continua, quatro anos depois.
Nada mal para um biógrafo de Torquato Neto.
Toninho Vaz, de Santa Teresa
5 respostas a Pra mim, chega!