Notícias colhidas nos jornais nos últimos dias: “Hospitais do Rio de Janeiro tem filas de mortos e BO por falta de médicos”.
“Amazonas tem mais mortes por Covid 19 que nove países de América do Sul”. “Com 140 enterros em 24h, Manaus bate recorde desde o início da pandemia”. “Cemitérios entram em colapso”.
“No Pará, 42% dos doentes de Covid 19 são profissionais de saúde. As condições de trabalho são péssimas, a começar pelos equipamentos de proteção individual”.
“Pernambuco registrou mais 460 diagnósticos positivos da infecção pelo coronavírus nas últimas 24h”.
“Em fase de aceleração da pandemia, o Estado de São Paulo chegou a 24.041 casos oficiais e 2.049 mortos – um aumento de 12% no número de infectados que morreram pelo coronavírus nas últimas 24h”.
“Ocupação de leitos de UTIs chegam a 100% no Ceará”. “Amazonas, Pará, Rio de Janeiro e Pernambuco estão com mais de 90% dos leitos ocupados”.
“Por falta de leitos, pacientes com Covid 19 aguardam internação em cadeiras da Unidades de Pronto Atendimento, em hospitais do Estado do Rio”. “Há casos de homens e mulheres infectados amontoados em salas das unidades de saúde”.
“Cemitérios investem em velórios on-line e túmulos biosseguros para sepultar mortos pelo Covid 19 no Grande Recife”. “Em Santo Amaro, no centro da capital pernambucana, são construídos túmulos verticais feitos de bagaço de cana, fibra de coco e sobras de materiais de construção”.
“Centenas de covas são abertas à espera dos mortos pelo Covid 19 no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo”. “A média diária de sepultamentos é de 38 a 40. No domingo, foram 62. ‘Nunca se viu coisa igual’, diz o agente sepultador com 20 anos de trabalho”.
“Terror de sepultamentos trocados faz famílias abrirem caixões lacrados em Manaus”.
“Com 466 óbitos pelo Covid 19, o Brasil supera as mortes da China [berço da pandemia]. Em apenas um dia, 6.276 novos pacientes foram comprovadamente infectados, e as mortes somam 449 em 24h. [O total de mortos, até agora, é 5.466]. Com esses dados, o Brasil entrou para a lista dos dez países que mais registraram vítimas da doença”.
– E daí? – pergunta o presidente Jair Messias Bolsonaro, do alto de sua sabedoria e empáfia, completando: “Quer que eu faça o que?”
Se estivéssemos dialogando com uma pessoa normal, sadia e consciente da situação do Brasil e do povo brasileiro, responderíamos:
Governe, excelência. Tome as providências que lhe cabe tomar, que são ditadas pelos especialistas, pelos cientistas, pela Organização Mundial de Saúde e pelo próprio Ministério da Saúde, antes do desmanche promovido por v. exª.
Mas, segundo o capitão-presidente, “a conta” deve ser direcionada para os governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição. E citou em especial João Doria, governador de São Paulo.
No fundo, ele sabe, mas não tem a dignidade de reconhecer, que, se não fossem os governadores e os prefeitos, a situação estaria muitíssimo pior. E que, se não fossem as intervenções do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal, a excelência presidencial já teria acabado com o Brasil.
É uma triste figura que não serve para nada, nem como adorno. Talvez como bibelô, no significado de objeto fútil, de pouco valor. Na verdade, s. exª. só se presta para criar atrito, desavença, confusão. A cada movimento, a cada declaração, é uma nova desgraça – só aplaudida por aquela malta de insanos doutrinados, iludidos ou idiotas, contra os quais nada se pode fazer, até a chegada do camburão que os conduza para o manicômio.
Olha aqui, excelência: não fosse um desrespeito às pobres vítimas do coronavírus e às suas sofridas famílias, era de se sugerir que as urnas mortuárias, enquanto aguardam vagas nos cemitérios do país, fossem remetidas para Brasília e expostas nos jardins dos palácios Alvorada e do Planalto.