A poesia morreu? Não, segundo Carmem Nunes Taciano, que estréia com este “Vida” cheio de lirismo, contrastando com uma realidade dura e melancólica, embora um pouco trôpego e com erros de revisão. A autora inspira confiança nas idéias, desde o poema “Linotipista Míope”, que abre o livro e nos entrega às meditações, até “Ode ao Transístor”, de uma agressividade ímpar, devolvendo ao leitor a raiva comovente da tragédia de Romeu e Julieta, os amantes de Verona, separados e ao mesmo tempo eternamente unidos pela rivalidade das famílias.
Os tropeços de “Vida” são insignificantes perante a habilidade da autora ao abordar temas perigosos, como a patética, porém romântica, aventura da moçoila que perde a virgindade num pife demorado.
Carmem Nunes Taciano garantiu com este “Vida” seu lugar na estante poética brasileira. Os pecados da revisão, como por exemplo, na página 45, onde se lê: “Sede, gengibirra, lobo!”(Vêde, como gira o globo!) refletem o amadorismo da editora, prejudicando tão brilhante autora em seu livro inicial, mostrando as preocupações de uma jovem com os problemas do tio aposentado.
(1975)