A proposta de “reforma fiscal de longo prazo” de Dilma Rousseff, divulgada na sexta, elevou a níveis inéditos a tensão entre ela e o PT. O texto prevê, entre outras coisas, a “suspensão de aumento real do salário mínimo” em caso de elevação de gastos acima de limite ligado ao crescimento do PIB.
DE SAÍDA
“É quase um rompimento explícito dela com o partido”, afirmou um senador petista à coluna, que colheu também as seguintes afirmações de diferentes lideranças: “Dilma atravessou o Rubicão”; “há um descasamento cada vez maior entre ela e o partido”; “a presidente está fazendo um movimento deliberado para sair do PT”.
NO FRONT
Em artigo assinado com o economista João Sicsú, cujo título é “O que é isso, Dilma?”, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) diz que o governo cede cada vez mais a “elites adeptas do neoliberalismo” e cita frase de Winston Churchill ao então primeiro-ministro do Reino Unido, Neville Chamberlain, quando o país negociava territórios com Hitler em 1938 para evitar um confronto com a Alemanha: “Entre a guerra e a desonra, você escolheu a desonra. E terá a guerra”.
NO FRONT 2
As propostas devem ser duramente criticadas na reunião do diretório nacional do PT, na sexta. Rui Falcão, presidente do partido, diz que não se manifestará sobre elas antes do encontro.
LINHA DIRETA
Caso sustente a tese, como se espera, de que a Odebrecht fez pagamentos a ele no exterior por campanhas eleitorais realizadas em outros países, o marqueteiro João Santana estabelecerá a ligação entre as offshores que abasteceram contas dele e de ex-diretores da Petrobras com a empreiteira. A construtora nega ser a controladora dessas empresas.
PEÇO PERDÃO
A admissão de que as contas no exterior, não declaradas, são mesmo de Santana não configuraria, em tese, um crime. Anistia aprovada recentemente pelo Congresso admite que o cidadão que escondeu recursos no exterior confesse a omissão, pague multa e nem sequer responda a processo.
DINHEIRO LIMPO
É preciso, no entanto, provar que os recursos provêm de fonte lícita.
EM CASA
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou para votação processo que discute se a funcionária pública que adota um bebê tem direito a até seis meses de licença-maternidade, como ocorre com a servidora que engravida. Hoje, a adotante tem direito a três meses, prorrogáveis por 45 dias, se adota um bebê, ou a apenas 30 dias, se o filho for maior de um ano.
Monica Bérgamo – Folha de São Paulo