O governo federal suspendeu as exportações de 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca. Com isso protege os consumidores estrangeiros. O governo federal não suspendeu a comercialização interna desses frigoríficos. Ou seja, o governo federal está mais ocupado – e preocupado – com a saúde de europeus e asiáticos. Novidade? Nenhuma. Nem mesmo a passividade brasileira.
O episódio da carne contaminada mostra que o brasileiro faz humor imediato, criativo. Mostra também que a criatividade é nula no combater os males da nacionalidade. Esgotado o humor, esgota-se a imaginação. A indignação não brota nesse terreno fertilizado. Encerramos com a piada pronta: havia pelos de Toni Ramos no embutido. Ou a nova: a pasta Nutella, de cacau, é feita de cocô.
Adriana Anselmo, mulher e suposta cúmplice do ex-governador Sérgio Cabral na corrupção do governo do Rio, ganhou prisão domiciliar, derrubada em seguida pelo TRF. O juiz que a mandara prender em penitenciária entendeu que fazia falta em casa, aos filhos menores. Prisão domiciliar desde que longe do telefone, da internet e de muitas visitas. Brincadeira derrubada em mandado de segurança do MP.
A concessão do regime disciplinar para Adriana Anselmo diz muito sobre as contrafações republicanas da prisão especial e do foro privilegiado. Quem tem diploma vai para acomodações prisionais melhores, longe da arraia reles da criminalidade miúda. Quem tem posição institucional é julgado por juízes graduados, que por imparciais que sejam pesam a circunstância do réu.