ERA A PROPAGANDA da cera de madeira e da pomada de sapatos, anos 1970. Resposta óbvia: os dois brilhavam igual, pois produzidos pela mesma empresa. Hoje cabe a pergunta-em-paródia: adivinhe o que brilha mais, a patuscada de Sergio Moro ou a mancada de Manuela D’Ávila?
MORO voltou aos holofotes ao reencenar o papel que o fez célebre e ministro, o do juiz-xerife que comandou polícia e ministério público na Operação Lava Jato. Agora, como ministro-xerife, ao meter os pés pelas mãos no caso dos araraquackers. Aquilo que o Insulto já identificou, de o abuso do jato fazer a mangueira torta.
MANUELA, a doce prendinha gauchinha para bagual nenhum botar defeito, deu a mancada infantil e afoita, típica e até aceitável vindo de uma das viúvas de Lula, de repassar o telefone de Glenn Greenwald para o líder dos hackeiros. Quem brilha mais, pecou mais, Moro ou Manuela?
ISSO VAI RENDER resmas de papel e gaigabaites em blogs, saites e feicefezes. Para os petistas, monolíticos e integrados, Moro é vilão; para os bolsomínions, cegos autoinfligidos e envergonhados enrustidos, trata-se da conspiração dos mundial dos ‘çábios’ da esquerda.
A QUEM tenta olhar com objetividade – e curado da paixão antipetista e em tratamento da aversão antibolsonaro – a questão é de proporções: o que é mais grave, a intervenção de Moro ou a indiscrição de Manuela no caso dos araraquackers? Quem brilhou mais, pecou mais, o ministro ex-juiz ou militante ex-deputada?
SEM DÚVIDA que o ministro, porque é ministro e parte diretamente interessada nos hackings. A ex-deputada, ex-candidata a vice de Fernando Haddad, nem tanto, ou nem nada, pois foi a militante fogosa, fiel ao biotipo das companheiras do grelo duro, que Lula batizou. Pobre Gleisi, escanteada até na entrega de telefone.
CRIME DE MANUELA ao repassar o telefone de Greenwald, editor do Intercept Brasil, ao líder dos araraquackers? Então quem dá informação casual sobre o endereço ao passante desconhecido que irá assaltar o banco também comete crime? Se for crime, a imprensa e a opinião pública já deram atenuante a Manuela.
ATENUANTE, porque finalmente separa-se o joio do trigo. O joio são as interceptações de mensagens. O trigo são as mensagens, no seu conteúdo, a intimidade imprópria entre o juiz e os procuradores da Lava Jato concertando estratégias. E o trigo é refinado pela reincidência de Sergio Moro, agora ministro.