O evento na Paulista não tem capacidade para alterar o que a investigação já reuniu, muito menos seu rumo futuro. Não há chance de a multidão bolsonarista intimidar as autoridades, criar um clima de guerra capaz de salvar Bolsonaro de responder pelo que foi feito em seu governo.
Bolsonaro ficou em silêncio no depoimento à PF porque não poderia desmentir provas, assim como Jefferson tinha poucas a oferecer em 2006; preferiu deixar para falar na Paulista porque pode dizer o que quiser e ser aplaudido.
A questão é se Bolsonaro reunirá gente suficiente para influenciar no PL por mais algum tempo. Hoje, Bolsonaro se dedica mais a salvar a própria pele e a dos filhos, do que a construir alianças políticas para a eleição municipal de outubro, quanto mais para a de 2026.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, cortou os salários do general Braga Netto e do major Marcelo Câmara, investigado pela PF por monitorar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes, que estavam no PL por ordem de Bolsonaro. Valdemar não abandonará Bolsonaro, o que não significa que Bolsonaro ainda mandará tanto nos rumos do partido.
Inelegível e ameaçado de prisão nos próximos meses, Bolsonaro não é mais essencial ao PL como era no ano passado. O que ele tem agora é um tempo de sobrevida – que vai depender da força que demonstrar na Paulista.