Aécio Neves e Eunício Oliveira. © Myskiciewicz
O SENADOR EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB/CE) está praticamente eleito presidente do Senado. Basta Renan Calheiros desocupar a cadeira em janeiro, final de sua tenure, o que fará normalmente, pois o ministro Dias Toffoli jogou para fevereiro de 2017 o julgamento do processo que decidiria se ele pode ser presidente do Senado e réu em processos. Nesta semana saiu a notícia de que Eunício está sob pressão da família para não ser presidente do Senado. Razões de família podem ser (1) mulher ou filho doente, (2) negócios periclitantes e (3) a saúde do senador. Não cola. Se os impedientes cabem para a presidência do Senado, cabem de igual para o mandato de senador. Melhor, por isso, renunciar ao mandato de uma vez.
QUE razão familiar é esta? Fácil decifrar signos na política brasileira. A razão para Eunício subir à presidência do Senado é, realmente, familiar; a família não quer. Por que a família não quer? Esqueçam as opções 1, 2, 3, acima. A razão familiar está na polícia, no ministério público e no judiciário. Ou na Lava Jato, por extensão, pois qualquer aperto mais forte nos políticos remete à República de Curitiba. Depois que Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e a senadora Gleisi Hoffmann acabaram, os dois primeiros na cadeia, e os cônjuges dos três sob risco de prisão, sente-se que a família de Eunício Oliveira quer poupá-lo ou, quando não, poupar-se de contratempos com a Justiça. Em tempo de Moro, se não me cuido, morro.
NÃO QUE Eunício seja passível de prisão; nada mais falso. O fato de ser candidato natural à presidência do Senado, a ele oferecido de bandeja, revela o homem irreprochável, acima de qualquer suspeita. Afinal, o ocupante do terceiro lugar na curul do Planalto tem que ser como a mulher de César, honesto e de honestidade límpida, prístina. É que a Justiça, e a Lava Jato ainda por extensão, ensandeceu, como veio estatuído na nota baixada hoje pelo Instituto Lula, pois Lula locuta causa finita, infalível, irrefutável como o papa. Daí as razões da família de Eunício Oliveira. Melhor ficar quieto na bancada e fora da mesa de presidente do Senado, deixando a família a salvo dos malucos da toga. Rogério Distéfano