Quando chegamos a 100 mortes por covid-19 num único dia, imaginamos que cruzar a barreira de 500 derrubaria, para sempre, a popularidade do governo. Quando esse número foi atingido, cravamos que, ao batermos as 1000 vidas perdidas, haveria uma convulsão contra Bolsonaro. Alcançado esse patamar, houve a profecia de que ultrapassar os 1500 óbitos em 24 horas poderia levar ao impeachment. Agora, circulam nas redes sociais que 2000 mortes por dia será o fim do regime civil-militar implementado pelo ex-capitão. Mas quando estivermos lá, e, pelo ritmo, infelizmente estaremos, vamos postar memes dizendo que 2500 é o limite da nossa paciência. Isso, claro, se não houver paredão no mesmo dia.
O presidente foi hábil em alugar apoio parlamentar, garantir suporte popular através do (necessário) auxílio emergencial, manter seus seguidores fiéis excitados e armados e enfiar um militar em cada fresta que encontrou na estrutura de governo para comprometer a caserna, como já disse em outros textos. Mas aqui me interessa o comportamento da sociedade após a abertura das portas do inferno.
Neste domingo (28), batemos o recorde de média de óbitos em sete dias: 1.208. É a terceira vez em uma semana que esse recorde é superado, mostrando uma escalada sem precedentes. São 39 dias seguidos com média móvel acima de mil.