Renan Calheiros reclama que seu afastamento – liminar do ministro Marco Aurélio, STF – foi ação contra o Senado. Pode ser, assim como as ações de Renan – e do Senado também – são contra o Brasil. A política é ambiente esquizofrênico: a realidade lá é bem outra, diferente da que vemos aqui embaixo. Opinião pública, escândalos de corrupção que levam a condenações nos estritos termos da lei, líderes envolvidos até a alma em esquemas até infantis, nada disso os atinge – e às suas tão sensíveis instituições, como o Senado de Renan, a Câmara de Eduardo Cunha, a presidência de Lula/Dilma. É que no Brasil o poder tem dono. E não somos nós.
Quando os mecanismos constitucionais do impeachment, da sentença e das liminares são acionados contra eles, os políticos decretam que as instituições foram atingidas. Renan e parceiros têm-se por ungidos, acima do bem e do mal. Quando sob risco reencarnam-se como reis absolutistas, dos que diziam “o Estado sou eu”. Se a liminar do ministro Marco Aurélio que afastou Renan Calheiros foi “contra o Senado”, não há outra conclusão: o Senado é Renan, um só corpo, uma só pessoa. Isso é mais verdade do que dizem as palavras. Apenas o ‘pequeno’ detalhe: o absolutismo acabou na Idade Média. E no Brasil, Renan acredita ser rei. Até recuo em contrário (assim mesmo) ele será. Rogério Distéfano