Renan compara governo Temer à gestão Dilma

Blog do Josias de Souza – UOL

Em jantar encerrado na madrugada desta quarta-feira, Renan Calheiros comparou Michel Temer a Dilma Rousseff. Enxerga no governo atual a mesma “falta de rumo” que via no anterior. “A diferença é que a Dilma não sabia para onde ir. E o Michel não tem para onde ir”, disse o pajé do PMDB do Senado, rodeado por outros caciques do partido do presidente. Para Renan, não resta a Temer senão a alternativa de negociar um abrandamento da sua reforma da Previdência —sob pena de perder o apoio do seu próprio partido.

A refeição foi servida na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura de Dilma. Terminou por volta das 2h. Compareceram algo como 15 pessoas. O blog conversou com duas delas. Os comensais de Kátia serviram-se de uma iguaria: fritada de Aratu, um tipo de caranguejo. Enquanto se deliciavam, compartiharam a avaliação de Renan segundo a qual Temer mastigará o pão que o diabo amassou se não ajustar sua ambição por reformas às conveniências eleitorais dos seus aliados.

Para desassossego de Temer, não se ouviu na casa de Kátia Abreu nada que pudesse ser entendido como uma defesa do presidente. Quem não ecoou as queixas de Renan ficou em silêncio. Lá estavam, entre outros peemedebistas, José Sarney, sua filha Roseana Sarney, Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Marta Suplicy (SP) e Roberto Requião (PR). Participaram também dois ministros que representam o PMDB na Esplanada: Dyogo Oliveira (Planejamento) e Helder Barbalho (Integração Nacional).

Mencionou-se durante o jantar a peregrinação que o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), realiza no Senado. Ele vai de gabinete em gabinete. Pede apoio para a mexida previdenciária. Sustenta que Temer, sem ambições políticas para 2018, quer deixar como parte do seu “legado” uma reforma da Previdência tão abrangente quanto possível.

O curioso, realçou um dos presentes ao jantar, é que Temer se esquece de que os congressistas não estão rasgando votos. Terão de se entender com os eleitores no ano que vem. Sobraram críticas para os dois principais auxiliares do presidente, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

“O Temer não pensa em 2018 e os membros do núcleo central do governo não têm mandato, não têm voto nem projeto eleitoral. E querem que os parlamentares se afundem junto com eles com eles”, disse outra voz que destilou acidez na residência de Kátia Abreu.

O jantar da noite passada fez lembrar os repastos que Temer oferecia à caciquia do PMDB no Palácio do Jaburu na época em que ocupava a poltrona de vice-presidente. Alguns dos protagonistas eram os mesmos: Renan, Jucá, Jáder, Sarney… Nesses encontros, os pajés do PMDB dedicavam-se a espinafrar a presidente petista. Ironizavam sua célebre inabilidade política. Hoje, cultivam o mesmo esporte. Só que o alvo passou a ser Temer, cujo traquejo político parece não funcionar no próprio quintal.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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