Em Abadânia
Debaixo de uma catedral de folhas,
sem saber (nem precisar) quem a erguera,
sob a anêmona do vento nas folhas
e o que respira agora pela primeira
vez, eu me deito, contemplando as folhas,
a espinha reta de encontro à madeira
dura, encerada, de um banco,
manhã já alta.
Em meio a tantas folhas
o coração, livre de escolhas,
a um só tempo cheio e nulo.
Nada me falta enquanto arfarem as folhas.
Não aqui, nem no futuro.