Vieses

A imprensa ou é comunista ou é anarquista. Um exemplo: um filho de ex-deputado milionário furou bloqueio da PM e abandonou o carro importado, no qual foram encontradas drogas ilícitas.

Comunista, porque os carros importados de milionários são agravantes nos acidentes de trânsito, uma distinção que não merecem os calhambeque que, na sua maioria fazem o mesmo. Anarquista, porque o delito cometido por políticos ou milionário é sempre mais grave que o cometido pelo pé-de-chinelo.

Aquilo de que todos são iguais perante a lei não funciona, porque mais tarde esses iguais serão desiguais perante a justiça. O dono do jornal, nada comunista, jamais anarquista, deixa passar, pois vende seu produto. Quem escreve a notícia, com o prazer de expor o rico e o poderoso revela a pontinha do recalque. São os vieses, a palavra que só usamos no singular.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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