O santo óleo e a banha profana – Dois deputados federais do Paraná são criticados por terem assumido a relatoria de projetos de lei que beneficiam áreas de atividade econômica em que suas famílias têm participação expressiva. Deveriam ter recusado a relatoria no pressuposto de suspeição? Não necessariamente. Eles têm conhecimento da área e poderiam até contribuir para o aperfeiçoamento da matéria, o que diz aqui apenas para dar aos deputados o benefício da dúvida; a certeza só virá de estudo criterioso do efetivo benefício da lei às áreas nela disciplinadas. Mas é preciso ter em mente alguns atenuantes antes de criticar os deputados relatores.
O primeiro: eles relatam, influem, convencem, mas não decidem pela maioria de sua casa no Congresso; estão lá os colegas que votam e aprovam, e acima deles, até decidindo por eles, as lideranças partidárias. O segundo: o deputado atua no pressuposto da idoneidade, independência e do interesse público – pelo menos em tese, essa tese todos os dias derrubada. Terceiro: se o deputado fere valores só por ter parentes na área do projeto que relatou, que dizer dos ministros do STF que relatam processos não de parentes, mas de amigos de casamentos, festas e jantares, com os quais são fotografados aos abraços e risadas?
Ninguém chega em Brasília – e lá permanece – ungido pelos óleos da santidade. Deputados e ministros chegam a Brasília besuntados na banha animal das alianças profanas, dos favores, dos compromissos. A execração do ministro Édson Fachin por amigos e esquerdas tem origem no apoio histórico do PT à sua postulação de ingressar no Supremo; a execração até que o dignifica por revelar que virou a página e assumiu a sacralidade da toga. Deputados e senadores precisam de financiadores antes do voto dos eleitores. O financiamento de campanha não sai de graça, vem de contribuições de quem pode e tem interesse, empresários em suma.
O sistema de controle não se esgota nos freios e contrapesos da revisão pela outra câmara, da sanção-veto pelo presidente e a eventual declaração de inconstitucionalidade pelo STF. Também existe na denúncia da imprensa – como acontece nos projetos cujos relatores são criticados – e na atuação dos lobbies, áreas científicas conservacionistas e no convencimento de consumidores e eleitores. Complicado, mas democrático – até quanto aos relatores. Se algo se pode dizer em benefício dos relatores, diga-se que não são os primeiros a relatar projetos com eventuais conflitos de interesses, que não são os únicos e não serão os últimos.
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Liminar para infiéis – O prefeito Marcelo Crivella, do Rio, está com uma liminar tolhendo seu acordo com os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, aos quais prometeu atendimento médico privilegiado e rápido pela prefeitura aos respectivos fiéis.
A liminar foi dada porque os cariocas infiéis esperam até 8 meses por uma consulta médica. A liminar não resolve. Quem sabe a conversão, os infiéis batizados na Igreja Universal. Pode não ter consulta para todo mundo, mas o Reino de Deus estará garantido.
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Nada de novo desde o Estado Novo – O Ministério do Trabalho foi invadido por desconhecidos no final de semana, em Brasília. Ao que parece, sem prejuízos materiais, a não ser a barafunda de papeis espalhados pelo chão, gavetas e arquivos arrombados.
Em língua policial não está descartada a hipótese de serviço interno, queima e desaparecimento de provas da venda de registros sindicais, intensificada neste governo depois que o PTB assumiu o ministério.
Nada de novo desde o Estado Novo, quando foi criado o ministério. Só a intensidade e a pressa da improbidade no mandarinato petebista, pois o ministério tem sido um balcão de negócios na área sindical.
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Meu reino por uma vaquinha – É tão grande a rejeição do eleitor a todos os candidatos a presidente que seria o caso de mais um referendo sobre a volta da monarquia. Aliás, não precisa, já temos o rei pronto. Chama-se Lula.
Acontece que o rei está preso, que nem Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que só foi solto depois que a mãe fez vaquinha para pagar seu resgate. Tarefa para Gleisi, mãezinha de Lula.
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Cai-cai & sobe-sobe – Neymar caiu e Mbappé subiu na Copa do Mundo, hoje quase empatados no valor de mercado. Se um continua no cai-cai, outro avança no sobe-sobe.
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A memória do pedaço – Não trouxe emoção e ansiedade para quem passou o mês com a Copa do Mundo. Cruzeiro e Atlético Paranaense fizeram partida apenas razoável no jogo de ontem pela Copa do Brasil.
Destaque para quatro atletas que lembram certos funcionários públicos, gente que conhece e resolve tudo, que chega antes e sai depois de todo mundo, a memória do pedaço.
Caso de Rafael Sóbis e Thiago Neves, do Cruzeiro, e Paulo André e Thiago Heleno, do Atlético.