Mandamento n. 11 – Mejor que desejar es hacer. Melhor que desejar é fazer. Na parede da privada do boteco em Buenos Aires. Devia ser o mandamento n. 11.
Tiro ao Álvaro – Quando governador, Álvaro Dias caiu no fascínio de Fernando Collor. A coisa começou quando Bernardo Cabral, ministro da Justiça de Collor, veio ao Paraná agradecer o silêncio obsequioso de Álvaro na campanha para a presidência da República.
A viagem também serviu para Cabral reativar o romance que mantinha com professora da universidade católica do Paraná. Fascínio fascinante, logo Álvaro resolveu ser Collor, inventou uma privatização radical, a começar pelo ferryboat de Guaratuba.
Deu em nada, está lá, nem as Disposições Transitórias da Constituição que Anibal Cury votou em 1989 conseguiram fazer a ponte entre Matinhos e Guaratuba. Ainda temos ferryboat, aquela chatice anacrônica que favorece o concessionário privado.
A memória é inimigo implacável. Vi tudo isso, estive lá, dei uns pitacos até ver que era venda de fumaça. Agora, quando Álvaro se veste – literalmente – de Sérgio Moro, vem à lembrança a mania do senador – sem imaginação e criatividade – de imitar os modelos da moda.
Geraaldoo! – Isso vem dos EUA: nas eleições, com tantas clientelas diferentes e antagônicas, os candidatos se perdem nas miudezas e entram em contradição para agradar a todas. Quando chegam ao fim da campanha, eleitos, não têm compromisso com ninguém.
Geraldo Alckmin, que vendeu a alma ao Centrão pelo prato de lentilhas do horário eleitoral, declara ser a favor do mestrado gratuito e da especialização paga. Essa gente vota, faz diferença, o Brasil melhora com mestrado e especialização sem emprego?
Gleisi de Almeida, Aracy Hoffmann – O PT está nessa de manda-não-manda Fernando Haddad para os debates no lugar de Lula. Que Haddad se preste ao humilhante serviço é lá com ele; tem dívida com Lula, que o elegeu prefeito de São Paulo e sua humildade beneditina ao partido. Quem não quer saber dele nos debates é Gleisi Hoffmann, a presidente do partido. As razões dela, como todas as razões dela, a própria razão desconhece.
Quem, como o Insulto, quer ver o circo pegar fogo, torce para que Gleisi participe dos debates. Afinal, se Lula é candidato, está preso e não pode debater, qualquer um serve. E se não tem tu, vai tu mesmo: Gleisi – que para ser tu de Lula faz qualquer negócio. Gleisi nos debates seria algo como Aracy de Almeida, a Dama da Central (do Brasil, estação ferroviária) no júri de Silvio Santos: baixaria o tempo todo.
O Insulto, devoto de Aracy, roga milhões de perdões à imortal musa de Noel por associá-la a Gleisi. Sucede que uma é a melhor intérprete de Noel e a outra a melhor intérprete de Lula. É que a loirinha do PT é o melhor que o PT tem neste momento.
São as lanternas, que piscam – Rita Cadillac, a vedete do Cassino do Chacrinha, informa que não recebeu o apelido pela comparação de seu traseiro com o automóvel rabo de peixe norte americano.
Se não foi na comparação de traseiros, teria sido por causa das imensas lanternas de freio do automóvel? Eram imensas, o cara pisava no freio e cegava quem vinha por detrás.
Nada a ver, mas temos que lembrar que ‘Cadillac’ é o sobrenome de Thomas ‘Tommy’ Cadillac, um precursor das corridas de automóveis nos EUA. Que não tinha rabo de peixe como as vedetes brasileiras.
Longe dos olhos, perto do Paraná – “O que você pretende fazer da vida? ”
O pai nunca tivera essa conversa com o filho. A rigor não tiveram muitas conversas nos 18 anos do garoto, até então um cordial e respeitoso morador da mesma casa, o filho ligado à mãe, a filha ligada ao pai. Mas era hora, o ethos masculino impunha que se ocupasse do futuro imediato do filho. A resposta, uma surpresa, pior, um choque:
– “Quero ser presidente do Paraná Clube”.
Bateu no pai a lembrança do irmão respondendo a mesma pergunta ao pai deles. E a bofetada que se seguiu, herança pedagógica da educação recebida do avô italiano: “Quero ser motorista de caminhão. ”
Paraná Clube, time do Brasil. Em todos a cartolagem, sonegação de tributos, não raro do desvio de recursos e dilapidação do patrimônio, alguns conhecidos do pai envolvidos, desmoralizados para o resto da vida. O pai lembrou atitudes do filho quando o time perdia: mau humor, quebradeira no quarto, cantos da casa pichados na exaltação das raras vitórias.
A herança veio a calhar, dava para manter o filho por uns bons dois anos longe do Paraná Clube. Despachou-o para Londres, pós-graduação. Sempre o receio do retorno, Paraná Clube, o fantasma que assombrava o pai. A inglesinha e o amor resolveram: o garoto ficou por lá. Ainda acompanha o Paraná Clube, os filhos desfilam na Europa com a camiseta do time.
Quando o Paraná joga, ele segue pela internet. Liga para o pai: “Olhe pela janela, a Vila está em festa”. O pai larga tudo e vai olhar, luzes e sons visíveis do apartamento. Em Londres o paranista associo-se a time local, compra o carnê de todos os jogos. Ainda não disse que sonha ser presidente do Tottenham. Mas dia desses jantou com Lucas Moura, o craque, seu vizinho.