As manguinhas de Mourão O vice Hamilton Mourão não veio a passeio, veio para jogar. Fala o tempo todo, recebe a imprensa, que trata muito bem, dá opiniões sobre assuntos do governo. O que faz e o que diz nunca resulta em ações do governo, mas faz contraste chocante com o presidente, que só fala com os filhos e os generais, foge da imprensa ou a ofende, e não dá opinião sobre nada, o que deixa a impressão que não tem opinião nem noção sobre os assuntos do governo.

Mourão já tinha posto as manguinhas de fora. Agora arregaçou as mangas: menos de um mês de mandato já montou bancada no Congresso, três senadores e três deputados federais. Agora trabalha para fazer Fernando Collor presidente do Senado. Mourão é mistura de José Alencar com Aureliano Chaves. Quando incorporar Itamar Franco com o rancor de Michel Temer, Jair Bolsonaro vai sentir a artilharia do vice. E vice é aquela coisa: não pode ser demitido.

Cúmplices e calados – O silêncio do PT sobre a tragédia de Brumadinho é daqueles que nos deixam surdos. Nem uma palavra de Gleisi, de Haddad, do companheiro José Dirceu. A saída de Lula para o enterro do irmão é mais importante para o PT que os 100 mortos e 260 desaparecidos de Minas. No primeiro caso já se esfregam no protocolo da ONU, a tradicional queixa de perseguição ao “preso político”. No segundo caso, o silêncio cúmplice. E não é que não queiram tirar partido da desgraça alheia. É que nessa desgraça todos os partidos políticos são cúmplices. Mais que todos o PT, cujo governo estadual em Minas, favoreceu e aprovou a barragem de Brumadinho.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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