Roupas sujas

A máquina de lavar tem função terapêutica.
Coloca-se tudo dentro dela, misturam-se
os pós e liga-se no botão “lavagem”.

As roupas irão sair limpas. Aparentemente.
Para se obter uma roupa verdadeiramente
limpa – recomendam as lavadeiras-, não basta

isso: é preciso, antes, mergulhar a roupa
em água quente, com pó. Depois, com uma colher
de pau de madeira, bater até a água ficar escura.

É importante observar a mudança na tonalidade
desse escuro. Ele se adensa com as batidas,
como se as roupas desprendessem a sujeira

mais profunda. Só então recorre-se à centrifugação.
Não se compara uma roupa lavada assim com
uma roupa lavada diretamente na máquina.

*Antonio Cescatto tem três livros publicados: O mundo não é redondo (2010), Preponderância do pequeno (2001) e Cloaca (2012). Este é o seu primeiro livro de poesia. Editora 7 letras]

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Geral. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.