Lira e Padilha à mesa

Semanas depois deter afirmado que o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, era incompetente e um desafeto pessoal, o presidente da Câmara viu-se obrigado a sentar novamente à mesa com ele. Os dois estiveram frente a frente em uma reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar das enchentes no Rio Grande do Sul.

Lula chamou também o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, para o debate. Ao final, Lula anunciou que encaminharia ao Congresso um projeto de decreto legislativo para facilitar o envio de dinheiro da União ao governo gaúcho.

A ideia é que a ajuda ao Rio Grande do Sul seja excluída do teto de gastos do governo federal este ano. Assim, seria possível repassar mais dinheiro sem estourar a meta para as contas públicas.

A medida atende a um pedido feito a Lula pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, no domingo (6). Lula, Lira, Pacheco, Fachin e outros líderes do poder em Brasília estiveram em Porto Alegre e em Canoas para avaliar a situação.

Lula chegou a convocar uma coletiva para anunciar as medidas, mas não leu a íntegra da mensagem, nem detalhou o projeto encaminhado ao Congresso. Para entrar em vigor, a medida precisará ser analisada pelos parlamentares. A expectativa é de que o texto corra sob regime de urgência.

Nesta segunda-feira, o governo federal inaugurou um gabinete de crise em Porto Alegre. O espaço será usado para coordenar as ações de ajuda realizadas pela União, no Rio Grande do Sul.

Sem dinheiro

Até o momento, segundo o governo federal, o Rio Grande do Sul recebeu apenas 80 milhões de reais de recursos da União para combater situações relacionadas às enchentes. O problema é que esse montante leva em conta todos os repasses desde 2019 a 2023. Ainda não foi empregado nenhum centavo diretamente, salvo as ações das forças armadas e da Força Nacional na região.

Nesta semana, Lula pretende liberar cerca de 1 bilhão de reais em emendas parlamentares para auxiliar as vítimas. Desse total, 448 milhões devem ser empregados nos próximos dias no estado. O restante virá nas semanas subsequentes.

Conforme a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 380 dos 497 municípios têm algum problema relacionado às chuvas. Até o fim da tarde, o estado contabilizava 45.237 pessoas vivendo em abrigos, outros 130 mil desalojados e um total de 920 mil pessoas atingidas de alguma forma. Os dados oficiais dão conta de 85 mortes e 310 feridos. Entretanto, os números podem aumentar, já que há 134 pessoas desaparecidas.

Nesta segunda-feira, o aeroporto de Porto Alegre suspendeu as atividades devido à enchente, o que dificulta a chegada de ajuda humanitária. Os serviços ficarão indisponíveis até o fim de maio. As remessas de ajuda têm sido encaminhadas para aeroportos menores, que nem sempre podem receber grandes aeronaves.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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