Desencontros marcaram o fim de semana. Nem eu mesmo encontrei comigo. Estava ausente de qualquer propósito. Naveguei nas vagas estrelas da ursa maior. A noite estrelou meu filme. Notícias explodiram como bombas no Iraque. Fediam firmes propósitos e exalavam perfume de rosas nas entrelinhas das estrelinhas.
Uma notícia: o Brasil é campeão mundial de raios. Setenta milhões riscam os céus todos os anos em busca de algum lugar tranquilo para descansar na terra. Um Cristo, aqui, seria eletrocutado, morto e sepultado. No terceiro dia ressuscitaria como cordão de lâmpadas de Natal — made in China — enfeitando uma árvore de rua. Blim-blom! Raios me partam!
Já sai outra notícia quentinha: as mulheres pensam mais do que os homens. Por isso, estão mais sujeitas às neuras, às pressões da vida social. Os psicólogos denunciam e os consultórios terapêuticos comprovam. Ainda bem que penso pouco, devido à minha precária condição de pertencer ao cambaleante sexo masculino. Ó, raios! Ó, mulheres!
Condições de subsistência: cachorro filhotão no quintal e roupas no varal não se dão bem. O Sol é testemunha. Num rasgo de animação ele rasga as roupas.
Trim-trim! Do outro lado da linha, me confortam: leite fervendo e derramando por cima da leiteira faz parte do mobiliário doméstico. Calma! Não é descuido de hoooomem na cozinha, não. Bon jour! Ulalá, merci! Oui, excuse moi! Limpar o fogão depois é a pena mais leve que o Tribunal da Humanidade pode impor. Ria o leite do Chico Buarque derramado. Aqui estou eu, de novo, falando sozinho com você.
*Rui Werneck de Capistrano é autor de várias milongas e vastas curtas