Rui Werneck de Capistrano

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© Diácono Joyce

Acho que com esse calor senegalesco pouca gente está com vontade de ler, refletir e tirar conclusões. Talvez tirar conclusões ainda seja agradável, desde que não se precise ler e refletir. E, se se precisar refletir, que tenha apenas por fim último manter o cérebro azeitado — desde que o azeite — produto da leitura — não venha de fábricas fumarentas como Proust, Kafka ou Kant & Cia. Ler só se for pra não dormir no ônibus na volta pra casa, na areia da praia pra despistar os chatos, no meio da noite pra driblar a insônia. E que venha um prato leve, sem mais intenções do que espantar as moscas das nuvens do fim da tarde ou paradigmas tecnológicos de origem desconhecida. Não, jornal, não.

As notícias de Verão apenas cobrem lugares paradisíacos que nunca estão a menos de mil quilômetros de onde você está — e para onde nunca vai poder ir. Ou falam de amenidades — novas cores de esmaltes, cabelos danificados, manchas na pele, poluição das praias, perigos do Sol, pomada para cravos e espinhas — capazes de provocar bocejos em peixes e arrepios em lulas.

Aliás, se você leu até aqui já está muito bom. Agora, não reflita nem tire conclusões. Cansa. Apenas leve ao fogo brando da passagem das horas e sorria.

Está lendo Vida e Obra de um Ex-governador (duas páginas)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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