Fiquei no meio do tiroteio e acabei com sérios ferimentos no ego. O melhor que consegui foi colocar, no mesmo ringue, um catador de papel e um escritor norte-americano de ombros largos e queixo proeminente. O catador de papel obteve a vitória no primeiro assalto com um direto na massa encefálica do oponente — que, na verdade, pegou no boné dos Bulls e tirou uma lasca da casca do ovo de dinossauro.
Não me dei por vencido, embora me doessem os dois bolsos. Acabei por consultar um famoso jogador de tarô. Ele pôs as cartas em ordem alfabética e fuzilou o rei de paus sob olhares atônitos de dois micos-leões-dourados. Você já deve estar sentindo como eu não conseguia sentir nada, nem a mais reduzida emoção de um jogo de sofá entre Ocidente e Oriente, com árbitro criado em cativeiro.
Hoje recebi um convite para o baile à fantasia dos Strauts. Já percebo que terei sérias dificuldades para saber se o baile, a fantasia e os Strauts caberão todos dentro da minha modesta realidade. Caso contrário terei de ir vestido de golfinho e pilotando um circo de cavalinhos. Tendo à frente, como batedores, um capitólio de gansos com fígado estragado.
*Rui Werneck de Capistrano é autor, leitor e passador de muamba no Paraguay.