Elas acreditam que aparecendo numa revista qualquer — tem centenas nas bancas — o nome delas vai ser conhecido e reconhecido na sociedade. Será? Já me pediram conselhos sobre produtos, restaurantes, lançamentos quaisquer. Já me pediram textos pra aniversariantes, bodas de ouro, sites, campanhas publicitárias. Já me pediram colaboração pra revistas, jornais. Parece que a facilidade de fazer um texto atesta que ele não deve custar nada. Nem deve ser remunerado. Também tem aquelas famosas coletâneas que exigem pagamento de cada autor. E depois mandam uns exemplares gratuitos. Publicar livro próprio, então, só pagando! As editoras sempre alegam que estão com calendário tomado — por estrangeiros — até 2016. Recebo vários e-mails de editoras do tipo faça já! Depois de publicar, às próprias custas, as pessoas querem o livro de graça.
Assim vai. Ai de mim se tento me defender e pedir pagamento de qualquer texto. Viram a cara, me esquecem. Acham que estou sabotando o negócio deles. Num tempo em que tudo — nem só o tempo — é dinheiro, fico a ver cofrinhos de poupança com asas no ar. Não sei mais quantos escritores passam por isso. Sei que canso de ver folhetos, catálogos e outras peças publicitárias cheias de aberrações em matéria de texto. Se tento uma aproximação pra oferecer correção, querem de graça! O nome de famosas empresas vai pro ralo porque pagam pouco pra agências de propaganda ruins.
É difícil fazer as pessoas entenderem que escrever é um ofício. Deve ser um ganha-pão! Hoje, pra mim, pelo menos, é um ganha-migalhas-de-pão-dormido! Amém!
Rui Werneck de Capistrano é autor de Nem bobo Nem nada.