O escritor e jornalista Ruy Castro, colunista da Folha, foi eleito para a vaga deixada por Sérgio Paulo Rouanet na Academia Brasileira de Letras. Ele obteve 32 votos entre 35 imortais que compareceram à cerimônia, que ocorreu a portas fechadas, durante cerca de meia hora.
O presidente da Academia, Merval Pereira, queimou os votos em uma pira como é tradição. O ato simboliza que há consenso entre os acadêmicos na escolha.
“Ele é um grande escritor, um biógrafo excepcional, só vai acrescentar à Academia”, disse Pereira. Indagado se o fato de Castro ser um campeão de vendas influenciou na escolha, o presidente refutou e disse que a qualidade do trabalho foi determinante.
Também concorriam à vaga Jackeson dos Santos Lacerda, Rodrigo Cabrera Gonzales, Elói Angelos G. D ‘Arachosia, André Amado e Raquel Naveira.
Castro é um dos principais biógrafos do Brasil, tendo realizado obras seminais sobre figuras de sua admiração como Carmen Miranda (“Carmen, uma Biografia”, de 2005), Garrincha (“Estrela Solitária”, de 1995) e Nelson Rodrigues (“O Anjo Pornográfico”, de 1992).
Jornalista que começou profissionalmente aos 19 anos, em 1967, no carioca Correio da Manhã, Castro também registrou em livro a história de movimentos como a bossa nova —destrinchado em “Chega de Saudade”, seu primeiro livro, de 1990, e “A Onda que se Ergueu no Mar – Novíssimos Mergulhos na Bossa Nova”—, o samba-canção —em “A Noite do Meu Bem”— e sobre sua cidade do coração, o Rio de Janeiro, apesar de ter nascido em Caratinga, Minas Gerais, o que ele considera meramente circunstancial.
São de sua autoria “Ela É Carioca”, uma enciclopédia sobre Ipanema, “O Vermelho e o Negro”, sobre o Flamengo, e “Metrópole à Beira-Mar – O Rio Moderno dos Anos 20”, com o qual a partir de uma esmiuçada reconstituição da história do período ajudou a reposicionar personagens da época e a famigerada Semana de Arte Moderna de 1922. Com posições polêmicas, sobretudo aos paulistas, recebeu série de ataques ofensivos, que chegaram a afetar a repercussão de seu último romance publicado, “Os Perigos do Imperador”, que traz dom Pedro 2º numa trama policial.
Isso porque o autor que recebeu prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, neste ano também enveredou pela ficção —ainda que sempre com sólida pesquisas e bases factuais. O primeiro foi “Bilac Vê Estrelas”, sobre o poeta e cronista carioca, seguido de “Era no Tempo do Rei: Um Romance da Chegada da corte”, que descreve o Rio de Janeiro em 1810.