Por que, com tanto poder, o Queiroz perdia seu tempo atrás de um volante?
Pode-se falar o que quiser dos Bolsonaros, mas eles são uma família. Uma grande família, composta do titular com seus filhos, mulheres e ex-mulheres, e de assessores, agregados e amigos idem, juntos por muitas afinidades. Posso imaginá-los aos domingos, no fim da tarde, em volta de uma grande mesa na casa de Jair Bolsonaro, na Barra, dividindo uma pizza também família.
Fabrício Queiroz, motorista e ex-assessor parlamentar do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é um querido membro honorário da família. Sua própria família se confunde com a dos Bolsonaros e eles dividem não apenas a pizza como nomeações, cargos e contas bancárias a ponto de, às vezes, nem a Fazenda saber o que é de um ou de outro. É bonito observar como eles se dão e se ajudam. Exemplos:
Queiroz sugeriu pelo menos sete funcionários do antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. Começou pela indicação de sua mulher, Márcia, e de sua enteada Mayara, e, para provar que poderiam ser personagens de um filme de Ingmar Bergman, indicou também Márcio, ex-marido de Márcia e pai de Mayara.
Queiroz era colega de batalhão e amigo de Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como chefe da milícia que domina a comunidade de Rio das Pedras e cabeça do Escritório do Crime. Mas amigo é amigo, e Queiroz indicou a Flávio a filha de Adriano, Danielle, e a própria mãe de Adriano , Raimunda. Tão atencioso para com filhos alheios, Queiroz não poderia descurar dos seus, com o que indicou suas filhas Nathalia e Evelyn.
Todos os indicados pelo motorista Queiroz foram nomeados por Flávio e alguns foram também para o gabinete do deputado federal Jair Bolsonaro. E, como nas melhores famílias, o dinheiro às vezes trocava de mão entre eles. O que me intriga é: com tanto poder para nomear, pagar e receber, por que o Queiroz perdia seu tempo atrás de um volante?