Salão Internacional de Humor de Piracicaba: uma história de independência

Carta Aberta

O Salão Internacional de Humor de Piracicaba chega a sua 48ª edição se destacando como um dos maiores e mais importantes eventos do planeta. Esse crédito internacional se deve, em especial, a sua independência e ao cuidado com que são feitas as escolhas dos trabalhos, dos jurados e da competente organização da mostra principal e das paralelas. Criado em 1974, em plena ditadura, manteve ao longo de todos esses anos suas características básicas, que são a mostra da produção de humor atual, a participação de novos talentos e, principalmente, o senso crítico com relação ao poder, seja ele nacional ou internacional.

Nesses 48 anos de existência, todos os presidentes, presidenciáveis, superministros e vários escalões foram eternizados pelos traços de artistas do mundo inteiro. Generais, Tancredo, Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Maluf, ACM e tantos outros, foram retratados com maior ou menor simpatia por jornais, revistas e, claro, pelo Salão de Piracicaba. Neste ano não seria diferente. A história do Salão já foi comprovada como correta e, por isso, a cidade de Piracicaba é reverenciada em todo o mundo.

A participação e inscrição dos artistas é absolutamente livre na categoria que desejar, seja cartum, charge, caricatura ou quadrinhos. E nunca houve, mesmo nos tempos mais duros, qualquer tipo de censura a convicções de esquerda ou direita, fazendo valer, sim, a opinião pessoal, o conteúdo e a maestria da execução. Cabe ao visitante da mostra gostar ou não, concordar ou não, e aí é onde está a riqueza do debate democrático. Aliás, é notório, não existe humor a favor do poder. Isto vem desde a primeira publicação de uma charge no século 19. Humor a favor é considerado militância, e há outros espaços para isso.

Devemos pontuar também que o cidadão que não deseja ser criticado, não deveria entrar na política, palco de sucessivos embates para que cada ideia tenha seu lugar na condução da democracia. Democracia essa conquistada pela luta dos cartunistas e deste Salão para que estes políticos conseguissem seus cargos em votação livre e direta.

Portanto, as associações signatárias que aqui representam os milhares de cartunistas e caricaturistas do mundo querem deixar claro que não será tolerado qualquer tipo de ingerência na condução, na organização e nos trabalhos do Salão de Piracicaba. Venha ela de qualquer espectro ideológico.

O Salão deve-se manter independente e se tornar cada vez mais espelho de uma sociedade plural e democrática. Como salientamos, qualquer artista tem a liberdade de expor seus pontos de vista, concordemos com eles ou não. Só assim teremos um debate saudável e moderno, rumo a um país menos dividido e muito, muito mais divertido.

Associação dos Cartunistas do Brasil
Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo
Sociedade dos Ilustradores do Brasil – Informações para a imprensa:
Way Comunicações|Bete Faria Nicastro Tel.: 11 3862-1586 e 11 3862-0483
bete@waycomunicacoes.com.br

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.