Não bastasse a proximidade entre o presidente da República e o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o secretário Raphael Câmara, representante do Rio de Janeiro, é descrito internamente por médicos que participam das reuniões do conselho como o responsável por fazer a ponte entre o governo Bolsonaro e o órgão, informando o executivo federal das discussões e debates que rondam o conselho, além de pressionar seus colegas de jaleco para evitar criticar o presidente e suas ações no combate à pandemia.
Apesar de ter assumido um cargo dentro do Ministério da Saúde em junho de 2020, Câmara não solicitou afastamento das funções de conselheiro. Não é ilegal manter os dois cargos, mas médicos que integram o órgão relatam que sempre foi uma questão de ética pedir licença do conselho ao assumir um cargo público, para evitar possíveis conflitos de interesses. “Como coordenar uma autarquia independente com membros do governo fazendo parte das decisões?”, questiona uma das fontes ouvidas pela reportagem.