Espanha |Argentina|2016|Cesc Gay|Ricardo Darín|Javier Cámara|
Maior nome do cinema latino americano, Ricardo Darín é daqueles atores raros que conseguem transformar histórias simples em um grande filme. Seu novo projeto, Truman, em que retoma a parceria com o diretor Cesc Gay três anos após O Que os Homens Falam, talvez fosse apenas um bom longa sem o ator. Com ele, é uma grande obra.
Truman interpreta Julian, um ator argentino radicado em Madrid. Ele, que lutava contra um câncer, recebe a notícia de que a doença se espalhou por todo o corpo. Sem perspectiva de cura, ele decide interromper o tratamento e aguardar pela morte. Então, recebe a visita de um amigo de infância que mora no Canadá, Thomas (Javier Cámara). O amigo tenta convencer Julian de seguir lutando, mas, sem muita abertura, acaba convencido a aproveitar o curto tempo que eles têm juntos para matar a saudade e também se despedir.
A história é básica e delicada e ganha força diante das grandes atuações de Cámara e especialmente Darín. É duro ver uma pessoa pensando o final de sua vida e se despedindo de pessoas importantes, mas também há certa beleza em vermos um sujeito tomando as rédeas de sua vida.
O Truman do título é uma referência ao nome do cachorro de Julian. Uma das missões dos amigos é encontrar uma nova casa para o animal, já velho. É tocante ver a relação entre o dono e são cachorro.
O roteiro de Cesc Gay e Tomas Aragay é linear e consegue tratar uma situação dramática com certo humor. Por sinal, o lado cômico da produção é muito eficaz. Não tenta aparecer demais, mas está presente o suficiente para oferecer uma experiência tocante, mas divertida ao espectador.
A dupla principal conta com a ajuda de Dolores Fonzi, que interpreta Paula, uma prima de Julian que não consegue aceitar sua decisão. Mas os destaques são mesmo os dois atores. O longa possui ainda uma bela trilha sonora e uma fotografia limpa, mas eficiente ao transformar Madrid em uma cidade universal.
Filme visto no Festival do Rio, em outubro de 2015.