Fear and Loathing in Las Vegas – Medo e Delírio – é um filme norte-americano de 1998. O roteiro é baseado no livro de Hunter S. Thompson. No elenco, Johnny Depp e Benicio del Toro, Harry Dean Stanton, entre outros. Enviado para Las Vegas para cobrir o Mint 400, uma corrida de motos no deserto, o jornalista Dr. Thompson (Johnny Depp) e seu advogado (Benicio Del Toro) se encontram numa cidade onde somente drogas poderosas podem fazer com que as coisas sejam ligeiramente normais. Direção de Terry Gilliam, 1h58m. Para a Criterion Collection, cartaz de Ralph Steadman, que também fez a capa do livro de H.S. Thompson.
Medo e Delírio pode ser interpretado como um mergulho inconseqüente pelo universo das drogas.
É bem verdade que o protagonista se entope de maconha, cocaína, álcool, éter, mescalina, ácido e qualquer outra substância que dê “barato’’. Mas Terry Gilliam (de Brazil – O Filme e Os Doze Macacos) vai além. Propõe um ensaio sobre a liberdade, que cada um aproveita como quer ou como pode, preocupando-se acima de tudo em refletir um estado de espírito.
Baseado em obra do jornalista Hunter S. Thompson, o filme recusa-se a avaliar os prós e contras do uso das drogas. Limita-se a enfocar os seus efeitos – desde a atraente sensação de incoerência até as conseqüências de uma “bad trip’’. O estilo visual acompanha o tom alucinógeno, enchendo a tela com imagens atordoantes como um suposto ataque de morcegos e uma seqüência em que os motivos de decoração do carpete começam a subir pelas pernas do protagonista.
O filme só faz sentido quando o espectador lembra que a ação se passa em 1971, quando as drogas deixavam de ter a conotação de paz, amor e a inocência dos anos 60. O alter ego de Thompson, Raoul Duke (Johnny Depp), tenta justamente resgatar os velhos e bons tempos. O título pode ser interpretado como a sua “última viagem’’. Sempre na companhia de seu advogado tresloucado, dr. Gonzo (Benicio Del Toro, de Os Suspeitos).
As aventuras da dupla têm início na estrada, a caminho de Las Vegas, onde eles deveriam cobrir um evento esportivo. Na bagagem, uma máquina de escrever, roupas com estampas floridas ou espalhafatosas e muita, muita droga.
Como os personagens dificilmente estão em condições de concatenar suas idéias, Gilliam adota o recurso da narração – na voz do próprio protagonista. Isso enriquece o filme, na medida em que Duke, o narrador, é capaz de se distanciar de Duke, o personagem. Às vezes, ele parece um locutor de futebol que tenta explicar como anda o jogo. E o distanciamento ainda lhe permite perceber o ridículo das situações em que se mete.
A dupla vê o que bem entende (com a ajuda da câmera distorcida), destrói quartos de hotel e apronta com todos, mesmo sem querer. Uma seqüência inspirada se dá em frente a parque de diversões, quando Duke diz a si mesmo que vai conseguir entrar. Enquanto o personagem caminha cambaleante em direção da catraca, amassando dois dólares na mão, o narrador descreve a sensação. A frustração de estar tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe é impagável. Aqui.