Em 1995, entrevistei um cientista social, de 50 anos, que havia acabado de chegar do Japão. Ele me confessou que havia tido o melhor sexo da sua vida com uma máquina que realizou todos os seus desejos e lhe deu um prazer que ele nunca havia sentido antes. E ainda prognosticou: “Em breve, os jovens não vão querer mais fazer sexo como nós fazemos”.
No livro “Tudo o que você não queria saber sobre sexo”, de 2012, escrevi a seguinte conclusão que pode ser vista como uma profecia que se cumpriu:
“Eu costumo dizer, em minhas aulas, palestras e textos, que homens e mulheres estão mais parecidos do que nunca, que até poderíamos falar em ‘genderless’, que as diferenças de gênero estão desaparecendo, e que existem, cada vez mais, homens românticos e sensíveis, e mulheres competitivas e agressivas, homens fiéis querendo casar e mulheres querendo sexo sem compromisso. Costumo brincar e dizer que as diferenças entre homens e mulheres não chegam a 20 centímetros…
Também digo que, em um futuro próximo, máquinas irão propiciar todo o prazer sexual que queremos. Assim, eu poderia enxergar quem eu quisesse com um óculos especial e ouvir a voz do Brad Pitt sussurrando no meu ouvido esquerdo: ‘Mirian, eu te amo, você é a mulher mais linda do mundo’, enquanto no ouvido direito a Angelina Jolie diria: ‘Mirian, não liga para o Brad, eu te amo, você é a mulher mais sexy do mundo’. Em inglês, é claro! Sem legendas! E eu iria sentir no meu corpo, por meio de eletrodos, os dois fazendo tudo o que é possível (e impossível) para conquistar a mulher mais linda e sexy do mundo que, lógico, seria eu.
Se cansasse do Brad e da Angelina, poderia projetar minhas fantasias com Tim Robins e Susan Sarandon, Jeff Bridges e Michelle Pfeiffer, Vincent Cassel e Monica Bellucci… Sexo seguro, variado e muito gostoso, pois eles realizariam todos os meus desejos (sem reclamar!).
Isso não é ficção científica. Já existem muitos homens e mulheres encontrando tudo o que querem nas telas de um computador. Não é apenas o futuro, é o presente de muitos.
E, acreditem se quiser, nossos netos ainda dirão: ‘Nossa, como eles eram primitivos… Para ter algum tipo de prazer sexual precisavam fazer coisas com tanto suor, esforço, doenças, complicações, dores, cheiros desagradáveis, erros de pontaria, mulheres fingindo ter orgasmos com suspiros e gritinhos histéricos, homens fingindo acreditar em orgasmos múltiplos e gritinhos histéricos. Como eles eram primitivos e ridículos!!! Disgusting!!!'”
Mais de uma década depois de escrever sobre a visão dos nossos netos sobre “o sexo primitivo, trabalhoso e desagradável” que praticamos, estou realizando uma pesquisa de pós-doutorado sobre amor, conjugalidade e sexualidade na maturidade. Já entrevistei dezenas de mulheres de mais de 50 anos: médicas, psicólogas, professoras, cientistas sociais, escritoras, atrizes, advogadas, juízas, publicitárias, jornalistas, influenciadoras digitais etc.