Siri não é lagosta

O BRASIL brigou uma vez com a França. Foi durante a Guerra da Lagosta, entre 1961 e 1963, quando pesqueiros franceses foram apreendidos após invadir o mar territorial, em Pernambuco. Um navio de guerra francês de um lado, diversos navios de guerra brasileiros de outro, fez mais barulho que a Batalha de Itararé.

A ENCRENCA recebeu comentário do presidente Charles de Gaulle: “Le Brésil n’est pas un pays sérieux”, o Brasil não é um país sério. Ficou nisso, os franceses com nossas lagostas e nós com cara de tacho. De Gaulle, imperial nos dois metros de altura, não pediu desculpas pelo insulto ao Brasil. Nem Jânio Quadros, presidente na época, o exigiu.

O HOJE presidente do Brasil diz que aceita o dinheiro oferecido pelo G-7 para o combate do fogo na Amazônia. Desde que o presidente da França se desculpe pelos insultos a ele, Bolsonaro. O aprendiz de ditador confunde o Brasil com sua pessoa, pois os insultos não foram ao Brasil, diariamente ofendido por Bolsonaro.

SE A COISA virou fosquinha de recreio escolar, como ficam os insultos de Bolsonaro à primeira-dama da França? Bolsonaro cobre o Brasil de vexame a cada vez que abre a boca. O Brasil de 1961, de Jânio, era mais sério que o de 2019, de Bolsonaro. Diria de Gaulle, “Bolsonaro n’est pas un président serieux”

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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