Concordamos que não se tratou de crime de ódio. Foi crime de amor: o da vítima por Lula e o do assassino por Bolsonaro.
DEUS NOS LIVRE, mas o Insulto não critica a doutora Camila Cecconello. Perdão, critica, apenas pelo sobrenome italiano, que exigiu conferência dupla para não errar a grafia e de sobra atingiu a autoestima do editor do blog, orgulhoso da origem italiana. As críticas à delegada titular da DHPP de Curitiba vieram no calor da indignação petista, o que se justifica pela disputa eleitoral e – por que não dizer? – das circunstâncias do crime. Há quem – quem? Gleisi Hoffmann, é claro – critique o açodamento da investigação. (O PT mudou depois que Lula descartou o menas; a presidente açodada recrimina o açodamento da delegada. Prepare o seu coração. O PT no governo será outro, muito outro; qual? nem Deus sabe depois que o Mito evangélico confundiu o Criador com Lúcifer, a criatura.
A doutora Camila Cecconello é criticada por acertar onde tantos outros investigadores erram: na rapidez da conclusão do inquérito. Em uma semana, nem mais nem menos, ela concluiu a investigação e determinou o móvel do crime (ela nos poupou de escrever punctum dolens no relatório). Tantos crimes sem solução, que se arrastam como cold cases nas delegacias e a doutora delegada resolve o crime com rapidez ligeiramente menor que a execução do delito. Quem conhece investigação eficiente e clara como essa que desfira o primeiro tiro (desfira, do verbo desferir, que produz ferimento, não cura). Por exemplo o caso Evandro Caetano, que hoje estaria quarentão, já teve até a condenação dos supostos autores e voltou à estaca zero (depois de Bolsonaro ressurge a metáfora de vampiro).
A doutora Camila e o caso Evandro, o que interessa aqui. Não para criticar o açodamento da delegada, mas para criticar o açodamento de quem a comanda, a saber, o governador e o secretário da Segurança. Sim, estes dois, cujo açodamento nos leva a perguntar: por que um delegado especial no assassinato do petista que celebrava Lula pelo bolsonarista que odeia Lula? Perguntar pra quê? A resposta é clara: as eleições e a dobradinha BolsoInho, já eleita com 120% dos votos. A demora na investigação implicaria reduzir a 110% o resultado. Outra pergunta: o caso de Foz do Iguaçu tem prioridade diante dos casos pendentes e chocantes dos assassinatos – caso de Evandro e mesmo de Rachel Genofre, este resolvido por puro acaso e acidente? As prioridades do governo chocam, causam perplexidade.
Uma coisa puxa outra e o açodamento – que Gleisi Hoffmann puxou de conversa com o professor Manoel Caetano Ferreira Filho, o primeiro a ser nomeado por Lula ao STF – puxa outras. Como as conclusões da doutora Camila sobre o crime. Seremos cautelosos com a delegada, numa dessas ela nos pega em crime contra a honra de quem não tem honra. Por exemplo quando fortalece suas conclusões em depoimento da esposa do homicida. Se ouviu a esposa da vítima, aceite nossas desculpas. Concordamos quando afirma que não se trata de crime de ódio. Certíssima, foi crime de amor: o da vítima por Lula e o do homicida por Bolsonaro. Zequinha de Abreu ensina que “só pelo amor vale a vida”. Também certa ao descartar o crime político. Óbvio, não havia urnas na festa. E vítima e homicida sequer eram candidatos.