Somos canibais e ladrões

Na Veja desta semana, o ministro Ricardo Vélez-Rodriguez, da Educação, defende o retorno da educação moral e cívica ao currículo escolar. O melhor argumento para ele: o brasileiro não tem educação, nem valores, é um canibal, que furta assento salva-vidas de avião, objetos de hotéis, que acha que ao sair de casa pode tudo.

Como reverter isso? Trazer de volta a ducação moral e cívica às escolas. Não devemos discutir as credenciais do ministro. 1. Ele não é brasileiro, portanto tem aquela visão desapaixonada e isenta de nós. 2. É casado com brasileira e tem filho brasileiro, daí saber os males que a falta de moral e cívica faz aos brasileiros.

O ministro é algo entre o historiador e o cientista político, com obras irrelevantes, cuja densidade não chega ao nível de uma nota de rodapé de ‘Os donos do poder’, de Raimundo Faoro. Mas o ministro é ministro, ministro da educação do presidente que nunca revelou educação – ainda vindo do tempo em que se ensinava ‘moral e cívica’.

Ministro deste governo, Ricardo Vélez-Rodriguez é coerente, inclusive nos erros deste governo e de seus colegas de ministério: fala o que não deve, fala quando não deve, fala demais e fala errado – leitores do Insulto já apontaram erros gramaticais na fala do ministro, que não vamos recriminar porque o português é seu/dele segundo idioma

Tudo isso passa, volta e nos atormenta, como sempre neste Brasil beócio e apático. Mais que tudo o descuido no qual o ministro retrata os ‘canibais’: eles são na sua esmagadora maioria os eleitores de Jair Bolsonaro, gente que viaja em avião e se hospeda em bons hotéis. O ministro pode ter civismo e moral, mas falta-lhe a velha e vulgar educação

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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