Não faço mais sonetos, falta motivação
Inicio um verso, logo paro, deixo de lado
Vou fazer outra coisa, sem musa, o fogão
Me chama, ponho estrofes no refogado
Que pena tal inércia, ausência de astúcia
O teclado assemelha esteira ergométrica
Abandonada, ideias flácidas, translúcida
Apatia, cadê a verve digital, epidérmica?
Lá fora praia cheia, avesso dum quitinete
desleio livros, plantas desregadas, ânimo
nulo, saudade dum poema feito a letraset
Vinte e oito faxinas e há pouco era abril
Tedio, preguiça, mutismo, é tudo sinônimo
Não escrevi, divaguei, e o soneto não saiu!