Sonetoso 435

SORTILÉGIO (435)
Chegando ao meio século de vida,
me achava, feio e cego, na desdita.
Aguardo, em vão: não veio mais visita.
Parece o apartamento muda ermida.
Com Borges tanta coisa é parecida!
Fui bibliotecário; deixo escrita
a saga inacabada. Agora dita
quem antes anotava, e a consolida.
Que tudo coincide, quem diria?
Se alguém for meu biógrafo, confira:
cegueira, poesia, bruxaria…
Efeito que o feitiço não surtira,
enfim surtiu: já tenho companhia…
Em vez duma Kodama, meu Akira!

Clauco Mattoso,
do livro Cara e Coroa Carinho e Carão

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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