SOS Campos Gerais (2).

Beto Bruel e trupe acampados em Tamanduá, Natal 1976

Os familiares do premiado iluminador de teatro Beto Bruel poderiam ser chamados de “Vigilantes dos Campos Gerais”, onde têm casa e quintal na vila de São Luiz do Purunã. Nas tardes de domingo, costumam caminhar pelas margens do Rio Tamanduá à procura de desgarradas mudas de pinus que crescem sem juízo nascente abaixo. A jusante, Betina Bruel arranca da terra centenas de pequenas árvores que o vento semeia a esmo, 300 quilômetros em torno do ovo da serpente. À margem do deserto verde, a família Bruel recolhe grãos de areia. Nos Campos Gerais, o pinus é um estranho no ninho das araucárias. Um corpo estranho que precisa ser arrancado pela raiz, ainda pequeno. Adulto, ganha imunidade legal. Os vigilantes de São Luiz do Purunã não estão mais solitários. Ganharam a companhia dos nossos leitores.
Silêncio apocalíptico
Quando eu era criança e viajávamos para São Bento do Sul (SC), meu avô – coronel Osny Vasconcelos, pai de Ângela Vasconcelos – fazia questão de parar o carro na estrada e me levar ao interior de um bosque de pinus para me mostrar o silêncio que reinava no seu interior. Nem um som, nenhum passarinho cantando. Ele lamentava o futuro desde aquela época, idos de 1980. Agora é isso que se vê: pinus por todos os lados, propagando o silêncio apocalíptico que restará se a gente não conseguir fazer nada. Espero que você continue abordando o assunto – ao meu ver, a mais nobre das causas é a conservação da natureza.
Márcia Luz

Era uma vez as araucárias
Parabéns pelo texto em defesa dos nossos Campos Gerais (se é que existe algo ainda dos Campos Gerais para se defender) e que expõe a degradação e a destruição do nosso solo, dos nossos mananciais e da nossa biodiversidade, pelo aumento das plantações do famigerado e exótico pinus.
Muitos acham que o pinus é uma alternativa barata e fácil de ganhar muito dinheiro em alguns anos (como um investimento de longo prazo). Mas, na verdade, este investimento é verdadeiramente uma “faca de dois gumes”. Os agrônomos que me corrijam, mas pelo que eu sei, o pinus retira a maior parte da umidade e nutrientes do solo, impede o crescimento de vegetações nativas e consegue a proeza de concentrar grande quantidade de alumínio próximo das suas raízes, tornando o solo empobrecido e tóxico para outras plantas. Creio eu, a monocultura do pinus deve ser tão devastadora para o solo de uma região que, depois do corte de algumas culturas, nem mesmo o próprio pinus tem condições de crescer em solo tão deteriorado. É a própria desertificação verde que cresce até mesmo nos nossos quintais e à beira das nossas estradas, pois as empresas que plantam e ganham dinheiro com o pinus não são cobradas pela proliferação natural desta “praga” por todo o nosso Estado, que um dia foi das Araucárias. Por favor, faça um texto cobrando atitude do IAP e do Ibama, os órgãos que autorizam o corte das matas nativas e permitem a plantação da “praga verde” do pinus.
Cicero Roberto Kruke Lachowski

Aqui se planta, aqui se paga

Parabéns, Dante Mendonça e O Estado do Paraná. Os Campos Gerais certamente agradecerão pela excelente matéria. As grandes usinas produtoras de energia elétrica já pagam royalties e/ou assemelhado pelos problemas causados. A indústria papeleira, uma das maiores poluidoras de nossos rios e ambientes, se implantou na região dos Campos Gerais, de Ponta Grossa até Arapoti, já na região do Norte Pioneiro. Quem viaja pela região sente no ar os problemas que causam, aos ali residentes, estas indústrias. Parabéns, mais uma vez, Dante Mendonça, talvez sua crônica possa gerar um bem maior – e quem sabe algum royaltie e/ou assemelhado. Seria justo e correto. Não devolveriam nossos Campos Gerais, nem outros ecossistemas, porém pagariam pelos males causados.
Luiz Vaz do Amaral

Dante Mendonça [01/12/2006] O Estado do Paraná

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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