“Me permita discordar, em parte, acerca do SOS Campos Gerais. Se, com o mesmo título, você focalizasse o turismo aqui de São Luiz do Purunã, concordaria plenamente com o SOS. Das seis pousadas aqui instaladas, três já deixaram de funcionar por falta de apoio governamental”, assim Casto José Pereira nos apresenta o reverso do olhar crítico de quem enxerga apenas no pinus o corpo estranho que mancha a iluminada paisagem dos Campos Gerais.
“Por favor, aceite nosso convite para visitar, com calma, o parque da nossa Pousada São Luiz do Purunã para conferir o que lhe afirmo hoje. Traga consigo um biólogo e um botânico, para juntos desmitificarmos os mitos negativos criados em torno dessa maravilhosa árvore – o pinus – inclusive este que menciona o deserto verde”.
“As “folhudas´ gramas que o Visconde de Taunay mencionou em 1884, hoje são raríssimas. Não por culpa do cultivo de árvores, sejam pinus, eucalipto, erva-mate ou araucária, mas por culpa da ampliação das áreas agrícolas. Aqui nos Campos Gerais, felizmente, não foi preciso derrubar as matas para plantar alimentos, como aconteceu em outras regiões. Quem conseguiu expulsar bichos e pássaros das nossas matas e campos foi o agrotóxico aplicado na agricultura. Ele sim, está acabando com a nossa fauna, com a qualidade dos nossos rios, com os peixes e, lamentavelmente, também com a gente”.
“A ‘folhuda’ grama ‘fotografada’ pelo Visconde nada mais era do que o pasto nativo, conhecido também como ‘capim mimoso’. Você sabia que quando aram o campo para o plantio, o ‘mimoso’ nunca mais nasce? O ‘mimoso’ só se renova com as queimadas no final do inverno. Queimado em julho ou agosto, em setembro reaparece ‘folhudo’, como dizia o Visconde. No inverno, com o pasto seco, queimado pelas geadas, o gado é levado para as ‘invernadas’, para ter o que comer. Onde ficam as ‘invernadas’? Embaixo das árvores, sejam nativas ou plantadas. Venha conferir comigo que a grama nativa nasce muito bem embaixo do pinus. Até a seriema, que há décadas ninguém via por aqui, está voltando, abrigada pelo bosque de pinus e pelo sub-bosque formado de árvores nativas que os passarinhos e os animais estão plantando”.
Em setembro, para o Dia da Árvore, o empresário Casto José Pereira escreveu um artigo onde ele esclarece porque considera o pinus a mais ecológica das nossas árvores, e aqui estão alguns trechos essenciais.
“Certamente muitos irão considerar esta afirmativa uma heresia”. (…) A árvore de pinus, pela experiência que somamos de 1966 para cá, quando se iniciou o seu plantio, é a espécie que melhor se adaptou e economicamente respondeu. Há, porém, os que ainda resistem ao seu cultivo por ser uma espécie ‘importada´. Há preservacionistas que acham que o pinus pode interferir negativamente na preservação do meio ambiente. (…) Não estão levando em conta as incríveis qualidades dessa espécie florestal. O pinus, acreditem, nasce na pedra, não precisa de solos férteis para se desenvolver e, no Brasil, cresce em alta velocidade”.
“Confiram quantos caminhões se avistam carregados de pinus, no vai-e-vem das rodovias, sustentando de matéria-prima gigantescas indústrias. (…) Sem o pinus, essas indústrias tão importantes não existiriam e nossas florestas nativas, inclusive da Mata Atlântica, talvez já tivessem desaparecido por completo. O pinus tem substituído, com vantagens, as nossas árvores nativas e, por lógica, tem poupado de extinção as florestas remanescentes”.
“O pinus, hoje, é ou não é a mais ecológica de nossas árvores?
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“As plantas são como notas musicais. Nenhuma é melhor que a outra – dizia Roberto Burle Marx (1909/1994). Do seu amigo, leitor e admirador, Casto José Pereira. São Luiz do Purunã, 29 de novembro de 2006”.
Dante Mendonça [06/12/2006] O Estado do Paraná.