Mural da História – 2021 – S.O.S. FAS

Há muitos meses vejo a mesma cena. Hoje, fui tomado pela irritação. Na ponte sobre o Rio Barigui, na fronteira do Seminário (Nossa Senhora Aparecida) com o Campo Comprido (Eduardo Sprada), a partir das 17 horas, conforme testemunho de um comerciante local (sim, desci do carro e entrei no estabelecimento em busca de informações, aproveitei para comprar algum alimento para doação no próprio local), aproximadamente 6 indigentes começam a se juntar e dividir uma garrafa de cachaça, com certeza obtida com os recursos arrecadados pela mendicância durante o dia.

Só dois ou três usam máscara. Alguns em idade avançada. A garrafa passa de boca em boca, o que, convenhamos é um brutal risco em tempos pandêmicos. São todos extremamente vulneráveis, esquálidos, sujos e vestidos com trapos. Não tomam banho há meses e estão cabeludos e barbudos. Acabado o álcool, dormem por ali mesmo e saem muito cedo para mendigar. São, conforme depoimento do comerciante, mansos e pacíficos. Desde que ali chegaram nunca agrediram ninguém, quer com gestos ou palavras.

O mesmo comerciante disse que já ligou para FAS – Fundação de Ação Social da Prefeitura Municipal de Curitiba, mais de 10 vezes. Sempre dizem que vão lá, mas nunca foram. Fica aqui consignado o S.O.S. Como a FAS é municipal, aproveito o ensejo para desejar melhoras ao burgomestre, que se recupere prontamente e não fiquem sequelas.

1960|2023

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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