Rogério Distéfano – O Insulto Diário
TAPA-SEXO, tapa-sexo, só se fala em tapa-sexo neste carnaval. Aquele paninho que as mulheres que desfilam usam para mal-e-mal esconder o que a literatura antiga chamava de “suas vergonhas”. Agora, nesta época de pouca vergonha, a falta de vergonha é questão de grau, variando da muito pouca vergonha das garotas de roupas reduzidas, que deixam pouco à imaginação, até a nenhuma pouca vergonha das vedetes, socialetes, periguetes e outras etes que não deixam nada à imaginação. Concorrência ao tapa-sexo? Nem as esquálidas estrelinhas grudadas nos mamilos das carnavalescas: o espectador sempre empaca na região abaixo da linha do Equador.
Não pensem que o tapa-sexo seja o último e definitivo estágio da nenhuma pouca vergonha, dessa auto-degradação pseudo artística das mulheres. Depois do tapa-sexo que cobre o sexo, virá o rolha-sexo. Sim, funcional e eficaz como seu arquétipo artesanal, a rolha de pia. Quando acontecer, a História completará seu percurso circular, chegando próximo daquilo que no tempo das “vergonhas” era o genuíno, clássico, eficiente, prazeroso, mutuamente compartilhado e biológico tapa-sexo. O implemento está tão difundido que é melhor, enquanto é tempo, mudar-lhe a grafia para ‘tapassexo’. Antes que o pessoal do homossexo se aproprie tanto do instrumento quanto do conceito.