Foto sem crédito.
Repórter da Veja na década de 80, o Pedro Franco vivia viajando pelo Paraná e, numa destas coincidências da vida de jornalista, entrou no elevador do Hotel Bourbon, em Londrina, e deparou-se com ninguém menos do que a atriz Fernanda Montenegro, acompanhada do marido, Fernando Torres.
Ambos apresentavam uma peça na cidade. No curto espaço de tempo entre o primeiro e o quinto andar do hotel, falou mais alto a admiração do que a discrição, tão característica nele, e o “Espanhol” pediu licença ao marido para dar um beijo em Fernanda. Foi autorizado e beijou a maior atriz brasileira na face, levemente. Saiu feliz do elevador e só muito tempo depois, quando ela quase ganhou o Oscar por Central do Brasil, foi que ele contou a história, num almoço familiar de domingo. Durante 31 anos de convivência, enquanto criamos nossa filha, Mariana, e o neto, também Pedro e também Franco, a serenidade mesclada com a impaciência, e um certo jeito europeu, algo sofisticado, elegante, que ele trouxe da região de Almeria, na Espanha, onde nasceu, foi um contraste permanente com a maneira rude, interiorana de quem, como eu, veio da gleba Centenário, região norte do Paraná.
Mas sempre nos demos bem, eu e o Pedro Franco, tão bem que estivemos lado a lado em todas as grandes batalhas das nossas vidas, pessoais e profissionais. E, nos últimos 17 meses, lutamos juntos, dia após dia, esta luta inglória contra um câncer de fígado, devastador, que acabou por levá-lo ontem, antes de completar 58 anos. O vazio não cabe em espaço algum de jornal, ou da vida. Apenas se instala. E a gente tem que tatear até encontrar uma maneira de sobreviver a ele.
*A coluna de Ruth Bolognese fará uma pausa e retornará na próxima terça-feira.
*A coluna de Ruth Bolognese fará uma pausa e retornará na próxima terça-feira.
Ruth Bolognese (21/01/2009) O Estado do Paraná.