A nomeação de Armínio Fraga para ministro da Fazenda num eventual governo de Michel Temer (PMDB-SP) esbarra em um problema: Aécio Neves (PSDB-MG). Temer quer que o PSDB, presidido pelo senador, assuma a indicação de Fraga para o posto. O tucano até ontem se fazia de morto.
LAÇO FIRME
A ideia é que Aécio assuma a paternidade de Fraga para amarrar o apoio do PSDB às medidas impopulares que podem ser adotadas pelo eventual futuro governo. Já o tucano teria dado a entender que Fraga, se assumir, entrará na cota “pessoal” de Temer, livrando os tucanos de qualquer desgaste. A relutância do senador acendeu o sinal de alerta no entorno do vice-presidente.
JOGO DURO
Um outro fator complicador na relação de Temer com o PSDB é José Serra. O vice-presidente tem boa relação com ele e quer nomeá-lo para um ministério. Outros tucanos, porém, torcem o nariz.
COMPLICADO
O próprio Fernando Henrique Cardoso já disse ao grupo de Temer que Serra tem qualificações para ser ministro, mas pode desagregar a equipe, especialmente se for nomeado para algum cargo ligado à área econômica.
PERGUNTA
Serra já foi cogitado para comandar o Ministério do Planejamento caso Temer assuma no lugar de Dilma Rousseff, se o impeachment for aprovado. A nomeação, no entanto, estaria condicionada ao aval do futuro titular da Fazenda.
COFRE SAUDÁVEL
Outra ideia que circula há tempos é colocá-lo no Ministério da Saúde. Temer, no entanto, pode ter que usar a pasta para abrigar algum partido da base de seu eventual futuro governo. O próprio Serra já revelou ter dúvidas sobre as vantagens de assumir o cargo sem a garantia de que terá verbas para fazer uma gestão de impacto.
NO BARCO
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), surpreendeu senadores do PT e do PC do B que foram à residência dele anteontem à noite. Renan chegou a rascunhar uma planilha com votos contra e a favor do impeachment, dando conselhos de onde eles poderiam “pescar” apoios para impedir o impeachment de Dilma.
COLETIVO
Do encontro participaram também os ministros peemedebistas Eduardo Braga, das Minas e Energia, e Hélder Barbalho, da Secretaria dos Portos, aliados de Dilma.
LÁ E CÁ
O ex-presidente Lula alterna momentos de entusiasmo e disposição com outros de cansaço diante da batalha para evitar o impeachment.
Monica Bérgamo – Folha de São Paulo