Foto de Vera Solda
Miran, você me escalou para o texto de apresentação de Solda em sua Gráfica. Duplo privilégio, que aceito com a seguinte dúvida: partir para um essay papai-e-mamãe ou render-se ao transbordamento amigo? Deixo falar o coração.
Solda entrou na minha vida em 1976 quando me defendia como redator de propaganda na PAZ. Tempo do maior desbunde criativo e botequeiro das minhas lembranças, reunindo uma pá de gente de bem com a vida. Miran, Solda, Ernani Buchman, Chico Branco, Benvenutti e tantos outros fazíamos a alegria e o ouriço do Zeno J. Otto, dando-lhe o título de Agência do Ano em 76, e forrávamos a bolsa do Zé, dono do Bar Rei do Siri.
Neste boteco Solda compôs paródias que ficaram famosas na nova Curitiba de Jaime Lerner. Verdadeiro cartum musical, “Siritango” (paródia do tango Garufa) pôs o boteco no mapa boêmio da cidade, atraindo para a mesma mesa gente como Dalton Trevisan, Paulo Leminski, Lerner, Nireu Teixeira e uma tietagem sem fim. A “Marcha do Porco Chovinista” ou “Tudo é Suíno e Maravilhoso” foi o canto de abre-alas de um bloco carnavalesco que o cartunista Dante Mendonça liderou na sublegenda do Bar Capela. Para sacar um “papagaio” nos bancos, a “Marcha do Saldo Médio” vencia pelo humor o gerente mais pão duro.
E segue o baile: Solda encaçapa aqui e ali seus prêmios nos salões de humor e expo da vida, cria Sandra e Caetano, esbanja talento nas agências de propaganda e nos jornais curitibanos. Continua com o seu saudável hábito de dormir sentado após a terceira vodka, o que o livra dos papos furados e chatos de todo gênero, e ainda o faz sonhar com as sopas de cambuquira da Itararé da infância.
E por falar em papo furado, vou ficando por aqui. Convém poupar os olhos dos leitores para o trabalho de Luiz Antonio Solda, Solda por um erro de cartório. Em breve seu nome será apenas Sol. Brilhante como o talento do seu dono.
Sérgio Mercer (1980)