Revejo-a, assim, sem mais nem menos. Esquecida, esquecida estava para sempre. Agora, intacta, incólume, impávida, como é que pode? É isso que se chama física quântica? Numa rua qualquer, num dia, idem, numa tarde única. Aquela chuvinha maldita de Curitiba.
Falta, o quê? Meio segundo para eu reconhecê-la? Rápida no gatilho, ela não se demora nada. Cabelos desarrumados, é o vento sul. Alisei os meus, mais branquelos do que os dela. Devem ser pintados, invejei. O que importa, afinal?
Num primeiro ímpeto, os corpos simularam se grudar ali mesmo. Feito ímã, um tanto gasto, pois não. Mas, antes que algum calor transite entre nós, só leve enrubescimento: alerta vermelho, ora direis! Aliás, mútuo, coadjuvado por uma fisgadinha, alhures. Nem tão alhures, confesso, infelizmente, impossível nomeá-la nesse átimo. Ao nos tocarmos, bingo! A vertigem vira tremor. Ou será temor? É aí que a desfrutável Madalena faz-se a deliciosa Madá do baile de Carnaval de 1958.
Aqueles huge, põe huge nisso, úberes dignos do Museu Erótico de Berlim! Em tempo: úberes é bom demais (não se contém e sai o incontornável autoelogio!). Esquecê-los? Impossível, se eles mantêm-se absolutamente ufanos! Toda vez em que nos encontrávamos, dito e feito, Madá tinha orgasminhos em série. Como se fosse dar um troço nela. A orelha ficava magenta, os lábios, arfantes, olhos de lobisomem. Madá se imolava, era um Kilauea de Eros. Coisa rápida, imperceptível a quem passasse ao largo. Eu, sim, testemunhava fingindo que não. Sabia e mui dadivoso ficava enxugando umas lagriminhas alegrinhas escorrendinho pelas bochechinhas.
Nem preciso dizer que agora o incêndio se reprisa com a mesma intensidade. Tesão não tem idade nem cabimento.