Segundo Momento: pulamos para maio de de 1990, eu já tinha passado por poucas e nada boas experiências profissionais em Teatro, TV e estava perigosamente aventurando-me em desenho animado. Eu e alguns desenhistas estávamos realizando um desenho, de cunho paradidático, para a Volvo do Brasil e, na trilha sonora, chamamos para criar música e letra o(sumido) Celso Piratta Loch. Só ele poderia chamar as vozes adequadas para interpretar as músicas de um desenho como aquele. Como eu havia cantado em corais líricos e populares, meti a minha colher enferrujada e chamei vários cantores que, mesmo até bons, não davam conta do recado. Tudo soava falso, artificial, não havia a emoção que nos procurávamos naquelas vozes. Até que Celso olhou pra mim, piscou seu único olho bom, e soltou: “vou chamar um amigo”.
Poucos dias após, entra no microestúdio do Celso aquela figura toda superlativa, e, confesso Solda, na hora pensei: “é muita areia pra esse caminhão”. Não e necessário dizer, Solda, que Ivo foi de uma generosidade que só ele sabia dar, repassou as nossas “cançonetas” quantas vezes nosso maestro pediu, contou as mesmas velhas piadas e gracinhas, enfim, nos deixou felizes e aliviados. Depois disto ,toda vez que me encontrava, chamava-me de “dama rubra” (eu vivia de vermelho,não sei por que).
Hoje, fui no velório, mas é estranho porque minhas pernas e o resto do meu corpo gordo estavam lá, escreveram meu nome, mas eu não fui . Achei o CD que eu pirateei de um programa de rádio e fiquei cantando músicas e fazendo sinais de fumaça….”vejo nos teus olhos tao profundos a dureza que este mundo te deu pra carregar…”
É isso. Telma Nardes.
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