Ressurges dos mistérios da luxúria
Afra, tentada pelos verdes pomos,
Entre os silfos magnéticos e os gnomos
Maravilhosos da paixão púrpura.
Carne explosiva em pólvora e fúria
De desejos pagãos, por entre assomos
Da virgindade – casquinantes momos
Rindo da carne já votada à incúria.
Votada cedo ao lânguido abandono,
Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Do gozo haurindo os venenosos sucos.
Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
A proclamar, impávida, por trompas,
Amores mais estéreis que os eunucos!
Cruz e Sousa, que Leminski chamava
de “Blues e Sousa”, do livro/roteiro O Poeta
do Desterro, filme de Sylvio Back.