No quarto do hotel,
o poeta lê a História da Guerra do Peloponeso,
escreve sobre o incenso pressentido
e fala de uma carta de baralho acaso encontrada na rua.
A dama de copas dança na superfície da voz áspera,
e o poeta é grave,
o busto se erguendo em pedra.
Nos olhos, uma frota de navios afundados.
Uma cerveja, dez, um terraço inteiro,
uma piscina cheia até a boca
(que espaço pode ocupar uma mulher
na vida de um homem?)
O poeta é um pêndulo,
pênsil, aqui Eros,
ali Tanatos.
Acima, o deus azul das tardes de outono.
Abaixo, nove andares e um cachorro que late, late,
late ferozmente.