Ela está chateada na cozinha,
cortando salsa e cebolinha,
sonhando com passos de valsa.
Corta a carne em fatias,
lentamente,
pensando nas vacas frias.
Cabeça quente, quente,
tempera, tempera
e, enquanto espera o tempero pegar,
olha pela janela
e vê que a primavera
não pode esperar.
E, então, em plena luz do dia,
ela fecha a tampa da panela,
lava a faca na água fria
como quem acende uma vela.
Ah quanto sangue escorria.
Que vida seria aquela?
Paulo Vitola