
que pediu a Deus o que não tinha:
– Quero uma flor e uma amiguinha!
– Quero uma rosa e uma borboletinha!
Deus – que não era nenhum Papai Noel,
que realiza sonhos e desejos a granel –
Deus, que sabe de onde vem o mel,
deu para a Abelinha… espaço no céu.
Acostumada a voar com o pensamento
a Abelhinha se deixou levar pelo vento
aproveitando aquele doce momento:
– Se a felicidade não existe eu invento!
Deus gostou do que ouviu e fez um teste.
– No cacto e na lagarta a cor se manifeste,
entre espinhos a delicadeza mais rupeste
e a flor voe até a mais alta folha do
Chamou a Abelhinha e deu o seu presente.
Que vendo a lagarta e o cacto tão contentes
sentiu pela primeira vez uma felicidade latente:
– O amor que a gente sente é amor diferente!
“Quem ama o feio leva cada susto” disse Millôr.
A abellhinha gostar da lagarta e do cacto não é pior
do que fazer do gato sapato ou
– Na lagarta ou no cacto o que nasceu foi o amor.”
Retamozzo, El Retta
(Para Isabela Lage, musa mineira)