O vinho dos amantes
indo belo lindo um dia todo sim
é proibido proibir que tenha fim
bebo o vinho mel, divino néctar,
o céu ainda por cima parece concordar
um par de arcanjos, que figuras!
ambos puros artífices das alturas
eu e a taça, vinhetas da paisagem
o vinho volta à uva, eu, à miragem
no embalo dos tragos a terra gira
mecanismos de um turbilhão inteligente
que tudo ouve vê e só delira
o paraíso já era aqui e paralelamente
em outro entramos agora como um só
ic! epa! ops! rum…rum…ã? ó!
(Charles Baudelaire, versão brasileira
de Roberto Prado, Marcos Prado e
Antônio Thadeu Wojciechowski)