O chamado “debate” entre os candidatos presidenciais, promovido pelas redes Bandeirantes/Cultura/Folha de S.Paulo/UOL, foi o que se esperava e acrescentou muito pouco ao eleitor. Os melhores desempenhos foram os de Simone Tebet e Ciro Gomes, como também já se esperava. Exposições claras, diretas, sem subterfúgios ou promessas mirabolantes.
Simone é ainda pouco conhecida nacionalmente, mas, quando lhe dão a palavra, convence e cresce. Sabe o que diz e tem coragem para dizer. Pertence a um partido esfacelado e repleto de cobras venenosas, mas tem a seu favor algo inédito na política nacional: um passado limpo. Por onde passou, deixou marcas de trabalho, inteligência e decência. Tem tudo para reunificar o Brasil e a certeza de que pode fazê-lo. Vai depender do eleitor, mas deverá ter o meu voto. Na pior das hipóteses, manteremos a consciência tranquila.
A opinião dos analistas, de uma forma geral, é idêntica. Quem esperava algo de Lula ou de Jair, surpreendeu-se com Simone. Segundo Chico Alves, da Folha de S.Paulo, “com fala serena e segura” (…), “foi Simone quem falou de orçamento secreto, maracutaia na compra de vacinas, misoginia de Bolsonaro, mensalão e petrolão. Ela foi a surpresa da noite”.
Ciro é uma boa opção. De igual modo, tem projeto de governo. E experiência na administração pública, onde, à parte dos rompantes de fúria, fez um bom trabalho. Foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Economia durante o governo Itamar. Saiu-se bem em todos os cargos. Incentivou as micro e pequenas empresas no Estado cearense, reduziu a máquina administrativa, diminuiu a taxa de mortalidade infantil, atacou os sonegadores de impostos e, na educação, conquistou, com o antecessor Tasso Jereissati, o prêmio Unicef, das Nações Unidas. Já disse e repito: é um nome a ser considerado. Gostaria de vê-lo no Palácio do Planalto.
Nunca tinha ouvido falar de Soraya Thronike antes de ela candidatar-se à presidência. É senadora por Mato Grosso do Sul em primeiro mandato, foi eleita no vácuo de JMB. É evidente que, por enquanto, a presidência é muito grande para o caminhãozinho dela.
Felipe D’Avila é o candidato do agronegócio, das privatizações e do capital. Jamais terá a simpatia do eleitor. Muito menos a minha.
Por fim, os líderes das pesquisas de intenção de voto:
Não houve nada que favorecesse o capitão no debate. Pelo contrário, ele mostrou apenas o que é: um trapalhão desatinado, vazio, sem obra e sem futuro, que odeia as mulheres, os pobres, os indígenas, os doentes, a educação, a cultura, o meio ambiente, as pessoas decentes, as instituições e, inclusive, governar. Não sabe o que diz e o que diz não se entende pela péssima dicção e a língua enrolada. No mínimo, é uma presença desagradável.
Lula continua o Lula de sempre. É um bagre ensaboado. Mas o seu discurso envelheceu e, à frente do seu PT velho de guerra, fez muito mal ao Brasil. Está na hora de se aposentar e ir viver os seus derradeiros anos de vida e de saúde ao lado da sua (dele) Janja. O que fez de bom e de ruim já está nos livros de História. E será difícil modifica-lo ou acrescentar alguma coisa. A hora é de entronizá-lo na sede do PT como oráculo. E fim.
Eu não seria capaz de igualar o capitão e o barbudo, pois estaria injuriando o segundo. Tenha ele cometido as irregularidades e os crimes que lhe atribuem e por cuja prática já foi condenado, ainda é muitíssimo superior ao primeiro. Pelo menos, é um ser humano. Mas creio que está na hora de ambos retirarem-se de campo. Há gente nova no gramado, que merece uma oportunidade de mostrar a que vem.
Restam 31 dias para as eleições. Espera-se que, desta vez, o eleitor pense um pouco mais no Brasil e nas consequências dos seus votos. Basta de ódio, basta de violência, basta de mentiras e de falcatruas. O futuro agradecerá.